Quais são os sinais de autismo?
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) atinge 1 a cada 44 crianças, de acordo com dados do Centro de Controle de Doenças dos EUA. Aqui no Brasil não temos dados oficiais, mas podemos usar os dos EUA como referência.
Ao contrário do que muitos acreditam, o autismo não é uma doença, mas sim um transtorno. Por isso, o termo correto para se utilizar seriam sinais de autismo e não sintomas.
De forma geral, o TEA é caracterizado por comprometimentos na linguagem, comunicação e comportamento social. Por ser um espectro, o autismo se manifesta de formas diferentes em cada indivíduo e seu diagnóstico deve ser feito por um profissional especializado na área.
Aqui neste artigo vamos apresentar os sinais mais comuns de autismo para cada idade, lembrando sempre que as manifestações citadas são as mais comuns, mas não são condições imprescindíveis para o diagnóstico de autismo. Afinal, o TEA tem diversas características peculiares em cada indivíduo.
A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE
Segundo o DSM-V — Manual de Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais — os primeiros sinais de autismo começam a aparecer antes mesmo dos 3 anos. No entanto, muitas crianças já manifestam alterações no desenvolvimento nos primeiros meses de vida.
A intervenção precoce é fundamental para o desenvolvimento da criança, uma vez que as crianças pequenas têm muita plasticidade cerebral, o que potencializa os efeitos da intervenção.
No entanto, ainda é muito comum que ocorram atrasos na realização do diagnóstico de autismo. Estudiosos afirmam que isso acontece devido a vários fatores, como a variabilidade dos sinais do TEA, limitações da avaliação diagnóstica, falta de profissionais e de serviços especializados.
Dessa forma, muitos pais só percebem os sinais de autismo e buscam por ajuda profissional quando percebem atrasos na fala, mesmo que tenham observado desvios na interação social anteriormente.
Como são os pais que convivem diariamente com seus filhos e acompanham seu desenvolvimento de perto, é preciso que conheçam quais são os primeiros sinais de autismo para que possam detectá-los precocemente.
QUANDO DE FATO COMEÇAM A APARECER OS PRIMEIROS SINAIS DO AUTISMO?
É possível fechar um diagnóstico de autismo a partir dos 2 anos de idade, mas bem antes disso, ainda nos primeiros meses de vida, já se pode observar os primeiros sinais de autismo.
Listamos abaixo os principais sinais de autismo por faixa etária, de acordo com o Checklist do CDC (https://www.cdc.gov/ActEarly).
Sinais de autismo em 2 meses:
- A criança não responde a sons altos;
- A criança não observa o movimento das coisas;
- A criança não sorri para as pessoas;
- A criança não leva as mãos à boca;
- A criança não consegue manter a cabeça erguida ao elevar o tronco quando está de bruços;
Sinais de autismo em 4 meses:
- A criança não observa o movimento das coisas;
- A criança não sorri para as pessoas;
- A criança não consegue erguer a cabeça firmemente;
- A criança não faz barulhos ou emite sons;
- A criança não traz coisas à boca;
- A criança não empurra as pernas quando os pés estão encostados em uma superfície dura;
- A criança tem dificuldade em movimentar um ou ambos os olhos em todas as direções
Sinais de autismo em 6 meses:
- A criança não tenta pegar os objetos que estão ao seu alcance;
- A criança não mostra afeto por seus cuidadores;
- A criança não responde aos sons ao seu redor;
- A criança apresenta dificuldades em levar objetos à boca;
- A criança não emite sons vogais (“ah” “eh” “oh”);
- A criança não rola em nenhuma direção;
- A criança não ri ou emite sons agudos;
- A criança parece bem dura, com os músculos contraídos;
- A criança parece bem mole, como uma boneca de pano;
Sinais de autismo em 9 meses:
- A criança não suporta o peso ndas pernas com apoio;
- A criança não senta com ajuda;
- A criança não balbucia;
- A criança não joga nenhum jogo envolvendo dar e receber;
- A criança não responde ao próprio nome;
- A criança não parece reconhecer pessoas familiares;
- A criança não olha para onde você aponta;
- A criança não transfere os brinquedos de uma mão para outra;
Sinais de autismo com 1 ano:
- A criança não engatinha;
- A criança não consegue ficar em pé com apoio;
- A criança não procura objetos que viu você esconder;
- A criança não fala palavras simples como “mama” ou “papa”;
- A criança não aprende gestos como acenar ou balançar a cabeça;
- A criança não aponta para objetos;
- A criança perde habilidades que já teve;
Com 18 meses:
- A criança não aponta para mostrar coisas para outras pessoas;
- A criança não consegue andar;
- A criança não sabe para que servem objetos comuns;
- A criança não imita os outros;
- A criança não adquire novas palavras;
- A criança não tem um vocabulário de pelo menos 6 palavras;
- A criança não percebe ou liga se um cuidador sai ou retorna;
- A criança perde habilidades que já teve;
Com 2 anos:
- A criança não usa frases de duas palavras (por exemplo, “beber leite”);
- A criança não sabe o que fazer com coisas comuns como escova, telefone, garfo, colher;
- A criança não imita ações e palavras;
- A criança não segue instruções simples;
- A criança não anda com firmeza;
- A criança perde habilidades que já teve;
Com 3 anos:
- A criança cai muito ou tem dificuldade com degraus;
- A criança baba ou apresenta fala não clara;
- A criança não consegue manusear brinquedos simples (como painéis furados, quebra-cabeças simples, maçaneta de virar);
- A criança não usa frases para se comunicar;
- A criança não entende instruções simples;
- A criança não brinca de faz de conta ou mentirinha;
- A criança não quer brincar com outras crianças ou brinquedos;
- A criança não faz contato com os olhos;
- A criança perde habilidades que já teve;
Com 4 anos:
- A criança não consegue pular no mesmo local;
- A criança apresenta dificuldade para rabiscar;
- A criança não mostra interesse em jogos interativos ou de faz de conta;
- A criança ignora outras crianças ou não responde a pessoas fora
- da família;
- A criança resiste à troca de roupa, hora de dormir e ir ao banheiro;
- A criança não consegue contar uma história preferida;
- A criança não segue comandos de 3 partes;
- A criança não entende “igual” e “diferente”;
- A criança não usa “eu” e “você” corretamente;
- A criança fala de forma não compreensível;
- A criança perde habilidades que já teve;
Com 5 anos:
- A criança não mostra uma série de emoções;
- A criança demonstra comportamentos extremos (medo, agressividade, timidez ou tristeza fora do comum);
- A criança é retraída e pouco ativa fora do comum;
- A criança é facilmente distraída, tem dificuldade em focar em uma atividade por mais de 5 minutos;
- A criança não responde às pessoas, ou responde apenas superficialmente;
- A criança não consegue separar o real do imaginário;
- A criança não brinca de uma série de jogos e atividades;
- A criança não consegue dizer seu nome e sobrenome;
- A criança não usa plurais e tempo passado corretamente;
- A criança não fala sobre as atividades ou experiências diárias;
- A criança não faz desenhos;
- A criança não consegue escovar os dentes, lavar e enxugar as mãos, ou se despir sem ajuda;
- A criança perde habilidades que já teve;
COMO É FEITA A INTERVENÇÃO NO AUTISMO?
Por se tratar de um espectro e não uma doença, o autismo não tem cura, mas tem formas de intervenção.
Geralmente, a intervenção no autismo é composta por uma equipe multidisciplinar, a depender das necessidades de cada indivíduo. Profissionais como fonoaudiólogo, psicólogo, terapeuta ocupacional, psicopedagogo, são alguns exemplos dos que podem acompanhar o desenvolvimento de pacientes com autismo.
A terapia mais indicada pela OMS – Organização Mundial de Saúde – não apenas para pessoas com autismo, mas também para qualquer indivíduo com atraso no desenvolvimento, é a terapia baseada na Análise do Comportamento Aplicada, também conhecida por ABA.
O QUE É ABA?
ABA é uma ciência baseada em evidências, por isso tem se mostrado extremamente eficaz quando aplicada ao TEA, favorecendo o desenvolvimento de novas aptidões.
O termo ABA vem da abreviação da sigla em inglês Applied Behavior Analysis, e tem por principal objetivo compreender:
- Quais são os comportamentos em déficit e em excesso;
- Como e por que esses comportamentos acontecem;
- O que influencia para que esse comportamento reforce ou atenue.
A partir dessa compreensão, se aplicam as estratégias de ensino baseadas em Análise do Comportamento Aplicada. São essas estratégias que vão ajudar o paciente a se desenvolver e na melhora da sua qualidade de vida.
QUEM PODE APLICAR ABA?
As estratégias baseadas em ABA geralmente são aplicadas por um profissional chamado Aplicador ABA ou Acompanhante Terapêutico (AT), sob supervisão de um Analista do Comportamento.
Qualquer pessoa pode se tornar um Aplicador ABA, desde pais, familiares, cuidadores, até mesmo profissionais da saúde e educação como psicólogo, fonoaudiólogo, pedagogo, psicopedagogo, terapeutas, fisioterapeutas, etc.
Para se tornar um Aplicador ABA é necessário ter conhecimento no desenvolvimento infantil e pelo menos 40 horas de aula sobre Análise do Comportamento Aplicada.
A ABAMais Consultoria oferece o Curso Profissionalizante de Aplicador ABA, clique aqui para saber mais a respeito.